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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

SEGMENTAÇÃO: MAS O QUE É MESMO UMA PALAVRA?


"Para o aprendiz, entender o que é a palavra não é fácil, ainda que esse termo seja usado desde o início da escolarização."


"Nos dicionários, entre várias definições para o vocábulo "palavra", a mais comum o define como fonema ou grupo de fonemas com significado. Para os alfabetizadores, entretanto, interessa saber o que é "palavra" do ponto de vista lingüístico e psicolingüístico, entendendo o conceito na perspectiva de quem aprende a língua. Para o aprendiz, entender o que é a palavra não é fácil, ainda que esse termo seja usado desde o início daescolarização. Até entre estudiosos do tema, há controvérsias sobre o que seja "palavra". Uns defendem que a noção de palavra só é adquirida através da escrita, outros pensam que há uma realização psicológica da palavra antes mesmo da experiência com a escrita. Mas todos concordam que não se podem estabelecer relações diretas entre unidades gráficas e unidades orais. 
A correspondência entre unidades gráficas e unidades orais é, para professores e aprendizes, um dos problemas a superar no processo de alfabetização. A diferença é que as unidades gráficas são imediatamente identificáveis sem conflitos quanto à separação das palavras, o que não ocorre no caso das unidades orais, pois não segmentamos a fala palavra por palavra. Para o aprendiz, essa diferenciação não é tão simples. Daí os conhecidos "erros" de hiposegmentação (unir quando se deve separar) e hipersegmentação (separar quando se deve unir), como no seguinte trecho de escrita infantil, com as duas situações:  ... poriso equeuto a sim ("...por isso é que eu tô assim").
Estudos psicolingüísticos indicam que esse nível de segmentação lexical é difícil de ser atingido antes da alfabetização. Ou seja, a correspondência termo a termo entre palavras gráficas e palavras orais é uma habilidade que tende a aparecer quando começa o domínio da escrita ortográfica. Esse fato leva muitos estudiosos à convicção de que é mesmo a aprendizagem da escrita que altera a noção de palavra.


CLENICE GRIFFO - professora do Centro Pedagógico da UFMG e doutoranda em psicolingüística pela Universidade de Barcelona.

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